quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Transformações na África Branca: Revolução de Jasmim e Primavera Árabe

Por Marcos Moura

As revoltas populares que vêm ocorrendo no Norte da África, desde dezembro de 2010, também atingem os países do Oriente Médio.  Tais manifestações apresentam causas políticas, ou seja, o povo já não suporta viver sob regimes ditatoriais e, agora, com a presença de um contingente de população jovem mais instruída, reivindica maior participação na vida política de seus países.  No entanto, as condições socioeconômicas desses países tiveram um peso decisivo na eclosão desses movimentos populares que estão assolando essa região.

  Em termos econômicos, a África Branca apresenta majoritariamente relações comerciais com o continente europeu, não só pela proximidade geográfica, mas também em função de um passado histórico em que a maioria dos países foram colonizados por europeus.  Essa dependência econômica promove o alastramento de crises européias para os países africanos, uma vez que, sendo seus principais parceiros comerciais, reduzem tais transações para equilibrarem suas economias.  Desse modo, a crise econômica desencadeada nos Estados Unidos, em 2008, atingiu pesadamente a Europa e, por ‘efeito dominó’ – os países africanos do norte. Esses países já vivenciavam problemas econômicos decorrentes do desemprego e de problemas sociais, desencadeados por ditaduras que se preocupavam muito mais com seus armamentos e exércitos para se perpetuarem no poder do que com o bem-estar da população.
  A crise que atingiu a Europa promoveu a potencialização desses problemas e, além disso, o predomínio árabe facilitou a troca de informação entre as populações, e o crescente acesso à universidade e as informações obtidas via Internet estimularam a juventude a clamar por mais oportunidades de trabalho e maior liberdade política.
          A onda de revoltas populares iniciou-se na Tunísia, em dezembro de 2010, sendo denominada de Revolução de Jasmin.  O estopim desse movimento foi a autoimolação de um jovem desempregado que, ao ser reprimido por forças policiais quando realizava trabalho informal (vendedor ambulante de frutas e verduras), ateou fogo ao próprio corpo. O episódio, maximizado por denúncias de corrupção do governo, deflagrou os levantes populares contra o desemprego, a pobreza e a inflação galopante. Em 14 de janeiro, o presidente Zine Al-Abidine Ben Ali (no poder desde 1987) deixou o país.
          A situação socioeconômica não é desfavorável somente na Tunísia, mas também em outros países da África Branca: Mauritânia, Marrocos, Argélia, Líbia e Egito, como também em países do Oriente Médio, como mostra os mapas anexos.


  Os dados apresentados nesses mapas evidenciam que todos os países do norte da África, bem como os países do Oriente Médio apresentam três problemas em comum: elevadas taxas de desemprego, grande parcela da população abaixo da linha de pobreza e governos ditatoriais.  Isso explica porque as revoltas populares na Tunísia se espalharam rapidamente pelos outros países, sendo que, no Egito, na nação mais populosa, industrializada e influente da região, 18 dias de protestos foram suficientes para promover a queda, em 11 de fevereiro de 2011, do general Hosni Mubarak (presidente no poder havia 30 anos).  O governo passou a ser exercido por um Conselho militar que prometeu realizar eleições em setembro deste ano (2011).
  Na Líbia, com 33% da população vivendo abaixo da linha da pobreza e 30% desempregada, os protestos se materializaram.  A população passou a lutar pela queda do ditador Muamar Kadafi, que mobilizou tropas militares para sufocar a ação dos rebeldes.  Temendo um massacre no país, a OTAN começou a interceptar os aviões líbios e a bombardear alvos do governo, mas o ditador ainda se mantém no poder. E em 26 de agosto de 2011, o presidente Kadafi, fugiu do país segundo informações dos grupos rebeldes que tomaram Trípoli.
          Nos demais países da África Branca, os motivos das revoltas são, entre outros: a solicitação de emprego pelos jovens, a queda dos preços de produtos básicos e o fim da ditadura militar na Mauritânia.
  Esses jovens pedem reformas democráticas e imposição de limites aos poderes do rei Mohamed VI no Marrocos, reivindicam o fim das altas taxas de desemprego e protestam contra a dificuldade para se obter visto de saída do país na Argélia.
  A onda de revoltas populares que vem ocorrendo nos territórios dos países da África Branca e do Oriente Médio é denominada de Primavera Árabe, pois se caracteriza pela esperança do desabrochar da democracia, da liberdade de expressão, do respeito aos direitos humanos, da inserção da população na política e na economia.

Fontes:
SMITH, Dan – Atlas da Situação Mundial/Dan Simth com Ane Braein; Tradução de Mário Vilela.—Ed. Ver e Atual. – São Paulo. Companhia Editorial Nacional, 2007.
Enciclopédia do Estudante: Geografia Geral/ [Traduzido por Roberto Candelori]. 1 ed. – São Paulo: Moderna, 2008 – (Enciclopédia do Estudante; 5)
Almanaque Abril 2011 – Mundo – África Histórico e Características econômicas e geográficas




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